domingo, 15 de novembro de 2009

XXXIII Poema do tamanho da página.

Imerso em estar
hajo
Chega de interpretações
Amarre im/per/ativa/mente

Tanto faz a pessoa
observou sem tempo
fora do mesmo
música.

Paredizar o ex-press-ivo
neu ou tro
Típico te(n)são
Tópico
rópicos? áceos, ismos.

Com carinho,
vós.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Novos Baianos - Mash ups!

Catando uns samples dos originais dos Novos Baianos, faz-se outra musica, que nao é baiana, mas é nova!

Latest tracks by ramilive

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Guapuruvu


E com as mão a cabeça
Pasmo e como quem se assusta
Diante a tão grandiosa beleza
Ouve-se o bramido:
"Tá chovendo flores velho!
Tá chovendo flores!"

E o céu se fecha
e a agonia transborda
O sorriso aparente
dourado escorre
pelos pêlos do rapaz

E os outros em suas risadas
Oblíquas e desvainecidas
envaidecidas ensolaradas
Batem seu dedos contra peles de aço

Rasgam suas latas, garrafas,
papeis de seda e mato verde,
velas!
Põem em si coroas de espinho
e esperam,
Esperam os elicópteros e as nótícias
Dos que caem no Lago Paranoá

domingo, 25 de outubro de 2009

Em um recanto qualquer
Emerge um canto com tom de ré
E um encanto, sem cabeça nem pé
Eterniza um canto de parede até.

Um encanto de mulher
Elege o falo, despreza a fé
Uma qualquer, outra qualquer
Eterno canto de pau em pé.

Gilson e Kalil Alencar

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Incômodo descontínuo

Desliza em paz
o visco
Da língua do calango.

Calango cômico,
Calango Incômodo
Palavra Mole.
Pêndulo sem nome
Balança.

Meia-coisa que fede,
Anti-força que morre.
Cera mística
que desce morna
Lodo negro, que sem pressa
Como voz que anuncia sono,
Canta.

Som sem rosto.
Lama lenta
como a baba vil
E vívida,
que flui
da boca de seu dono.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

De onde se erguem as casas.

MATER IA LIZ ÁLAS

Anteparo:
(O dialógico não é mesmo corrente
nesses tempos, modernos.)

Corredor: somos, sermos.

Talvez alguns sejam realmente
afeitos ao melodrama,
banal, troca-tapas, resumido espectro.


[O profundíssimo nunca esteve
mesmo ligado ao ciclo
da resignação]


As mesmas dualidades tolas,
pouquíssimo questionadoras.
Permanecem, invariavelmente.

Lavabo:
(o pequeno, o separado
tempo de agora.
os vintes
é que acentuam) Á acentuam-na.

Visitas: AMBIENTE NÍTIDO, LIMPO, ORGANIZADAMENTE SOCIAL.
nos trinques...

Nó feito, pregador de esferas:

As projeções ideologicamente moldadas
X
e as reais condutas,
dutos de humanos poligamos de idéias.

poliedros e artigos indefinidos - seu chão.

Somos uns, umas, Mesmas
formas seccionadas.

Uma parte aqui,
uma outra aqui e ali,
e ainda outra ali e aqui
ao mesmo tempo.

É uma pena que símbolos sejam
tão renegados. Embora realmente
sejamos todos semi-óticos.

(uns mais óticos do que cênicos, bem verdade)

Vivamos a era da imagem!
reverenciemos
tudo quanto
é
tão
passageiro
(como nossos colegas,
os inocentes Futuristas)

A cena: uma piscina, sua água amarelo-fluorescente.
GRADES dividindo raias que se podem ver
umas as outras, sem poder atravessá-las.
sem teto ou fundo.
Um em escuridão
e outro em luminosidades
Profundos
vívissimos
lindos e perspectivamente
invertidos.


|Esse|
é hoje meu mal
investimento.
Des mater ia li zala.

CORTE DO CORDÃO UMBILICAL

o Aumento
da visão além da sala.



Alone, but refined.

sábado, 17 de outubro de 2009

Cats - Luan Caeté de Araújo

Observação preliminar: Ilustres companheiros, após muito me entreter com as postagens do blog, resolvi colocar algo. Aqui está uma coisinha que eu fiz hoje, um continho humilde, com pretensões cômicas, cuspido após injenções vontrierianas de adrenalina. Comentem!

Cats



Novamente Júlio tragava os vapores memoriais da vida insone. O remexer-se vazio, o fastio dos panos inquietos da cama vestida, e o ardil da invenção onírica desperta. Paciência, não estás a ler uma manual de psicologia do sono, pelo contrário, a "invenção onírica desperta" é um artifício vulgar dos aspirantes ao dormir. Após horas de nauseantes tentativas, que ganham esse nome catecrético por não haver melhor substituto (pois dormir não é algo que se tenta), o sujeito começa a associar elementos oníricos que lhe são familiares e constrói anarrativas até se dar conta de que aquilo não é um sonho. Júlio, entretanto, apenas revivia tais noites, numa que o mantinha em vigília por outros meios. Era a semana do amor felino e o nosso herói, desinformado do evento, intentava desesperado um desmaio contra o travesseiro, enquanto os animais se refestelavam numa comunhão extática, que já contava seu centésimo minuto de ápice.

Tal culto lancinante, confundia o grande Júlio, que não sabia se praguejava a Ártemis ou a Baco, decidindo por fim invocar Marte, ao tomar um cabo de vassoura e com a serenidade dum verdugo atravessar o quintal em busca dos querelantes. Antes, porém, Delfos deveria dar-lhe a benção:

-Amor, vou estraçalhar a cabeça desses gatos.

-Vire-se e durma, Júlio.

Ao tergiversar, a silhueta de sua mulher imanava a perfeição espontânea daqueles que de tão tomados pela fadiga, parecem no sono se acoitar lascivamente: sua mão caia-lhe pelos quadris, suas pernas se dobravam em triângulos sem base e seu rosto, banhado da fealdade própria das coisas desacordadas, emitia soluços de um alívio repousante. Como poderia creditá-la, se com tanta gulodice ela se fartava do que ele implorava? Tomou-se, então, a si por oráculo e vaticinou, para as costas da adormecida:

-Vou matar os bichanos.

Contenha sua valoração descabida, se pensas tu que o nosso Odisseu é demasiado cruel em suas intenções. Tentou ele espantar a alimária embriagada da frente de seus portões por diversas vezes: jogou água, meteu-lhes a mão e até mesmo esperneou estridentemente, como se tentasse tomar parte na orgia, defronte os representantes da raça maligna. Eles, todavia, amontoavam-se em tal número (e em tal êxtase) em cima dum muro, que se fazia impossível a um homem só assustá-los todos. Júlio, nosso césar, abriu a porta de sua sala, após o quintal, que o permitia ver, através do portão vazado, a celebração felina e pôs-se a pensar com a vassoura na mão, qual cetro real. A manhã já imiscuía tons claros no azul noturno do firmamento e suas esperanças de sono já eram depositadas no próximo dia, pensando, como os insones normalmente o fazem, que com uma noite em vigília acumulada, dormiria na próxima como uma criança.

O espírito de vendeta, no entanto, fincava suas entranhas e seus olhos assustados, as poucas roupas amassadas, mais o respirar sibilante, pintavam um quadro assustador para esse quase-Tito-de-Shakespeare. Julius Andronicus, o cruel vingador, é agora seu nome! Traçou, pelas exíguas vielas criativas de seu rude tutano, um plano (falível, porém impiedoso): encheria um prato com leite, pois é disso que os gatos gostam, mais uma generosa dose de um veneno de ratos que tinha na dispensa. Ora, cuspiu nosso deus num arroubo filosófico, animais de rua consomem qualquer coisa, não resistirão o leite. Já imaginava uma miríade de defuntos felinos em torno do prato. Encheu, então, o prato, dosou o veneno, e foi até o muro-telhado, lócus que permanecia em festa, com o fundo sonoro dos miados-gemidos que inviabilizaram a noite de tal grande homem. Lá colocou, regozijante, sua armadilha, a que os gatos não prestaram assunto. Voltou à sua sala e, da janela, ficou a observar se algum dos gatos se tentava pelo prato. De tanto esperar, acabou por dormir no sofá.


Logo foi acordado pela mulher, que o lembrava das obrigações laborais. Despertou e, sem desfrutar de desjejum algum, desesperado desabriu a porta e foi verificar se caíra algum gato em seu artifício. Caminhou para o portão, abriu-o. Atravessou a calçada, em frente à sua morada, e chegou ao muro-telhado que servira de salão para os bichanos na noite anterior. Avistou que o prato que ali colocara estava vazio e, a seu lado, havia um pacote de panos. Não havia gato algum tombado, então resolveu remexer aquele pacote que não estava por lá da última vez. Percebeu que era gente: uma criança de pele ocre, cabelos lisos desgranhados e queimados de sol, com a indumentária encardida e um cobertor caído ao lado. Parecia desacordada. Júlio a tocou e percebeu que os panos não estancaram o frio, pois a criança estava gelada. Assustado, pegou o prato e voltou pra casa.

Luan Caeté de Araújo

terça-feira, 6 de outubro de 2009

garimpando destinos

Sim, sou como ele e como vários, eu, ele, nós, vocês, todos. Uma humanidade inteira numa ínfima faísca de luz que nasce no tempo. Assim como se Deus quisesse algo, eis Adão surgindo e comendo com Eva. Eis o desejo que escapa por entre os dedos de Deus só para ser pego logo ali, como se Deus tivesse mãos.
O universo é o meu eu ao avesso. Tantos universos! Incontáveis eus passageiros, boiando na essência do cosmos! Oh, matéria inapreensível, energia inabalavelmente misteriosa!
Quem disse que não há destino, quem falou? Que destino ingrato esse do que não tem destino, se movendo ao léu em meio a uma indefinição avassaladora! Ah, abismo de escuros, explosões dolorosas de luz, ah, incoerências!
Mas no meu palco eis o enredo já escrito, na antesala entre a realidade e o teatro, no interim entre o tempo e a imobilidade. Eis o intervalo enigmático onde deita a vontade de Deus.


in.: os cadernos da chapada
T.Trotamundus

A Matéria

Numa terça-feira ensolarada sob o céu aberto e incoerente das idéias fora de hora e questão, decidi que era um verdadeiro gênio do bilhar. Sem entender a razão pela qual meu espírito fora tomado por esse devaneio travestido de certeza, peguei meu velho casaco de lã e rumei para o botequim mais próximo na ambição de materializar o sentimento que explodia em meu estômago e se espalhava por minhas entranhas como a merda que vem e não pode ser evitada.

A mesa estava lá. Assim como uma decadente platéia que naturalmente fazia parte do cenário de glória que montei em meus ambiciosos pensamentos. Imaginei como comparação que, se Crusoé realizasse uma nova decoração com incríveis trançados de palha para sua cabana, mesmo se considerarmos o feito como um real, porém fugaz, instante de vitória sobre o tédio, sua obra nada valeria se não fosse chancelada pelo sorriso selvagem e talvez constrangido de Sexta-feira. De que serve o êxito, pensei, sem que sejamos instantaneamente aprovados por outros, mesmo que estes “outros” sejam uma massa sem forma ou meia dúzia de bêbados contendo com a maravilhosa dose matinal o indisfarçável tremor das mãos.

Segui com passos decididos em direção ao balcão, pedi três fichas e desafiei em voz firme os presentes a duelarem numa honrada partida de bilhar. O chamado foi recebido num misto de preguiça e desinteresse por parte dos colegas de recinto. Após alguns minutos de silêncio e algumas trocas de olhares entre os freqüentadores que eu supunha habituais, um senhor, com a aparência cansada e pouco amistosa, sacou o taco preferido pendurado no suporte da parede, catou um pequeno resto de giz azul que descansava na borda da mesa e pôs-se a passá-lo no taco, deslizou o objeto cuidadosamente pelos lugares onde a mão passaria e como de costume, na ponta, detalhe técnico cuja funcionalidade jamais entendi.

A partida começou. Meu adversário, felizmente, deu a saída sem encaçapar nenhuma bola. Chegada minha vez, como um deus dos esportes boêmios, matei bola após bola em jogadas perfeitas para espanto de minha antes modorrenta platéia, que então passara a observar cada lance nos mínimos detalhes e a tecer comentários oscilantes entre o ceticismo e o mais exagerado entusiasmo. O próprio dono do bar, talvez o mais antipático dos presentes, arregalava os olhos e balançava a cabeça confusa e simultaneamente num tom de aprovação e de quem não acredita no que vê, a cada lance genial que partia de minhas mãos.

Como vento, a notícia se espalhou. Já durante a tarde, os melhores sinuqueiros da região foram até o bar, na tentativa de vencer “o homem que não perdia nunca” e como era de se esperar, foram humilhados como moscas. Minhas jogadas pareciam ser alimentadas pela confiança crescente que ardia em mim e pelo espanto quase adulador da platéia, que assim como os desafiantes, não parava de surgir em maior número. Passei, naquele momento, a não conseguir errar. Em certos instantes desejei o erro com toda a sinceridade, mas este simplesmente abandonara-me. Quando a noite chegou, não havia em meu corpo o menor sinal de cansaço.

No meio da segunda partida de uma melhor de três, com um sujeito que mal me lembro das feições, um fato absurdo subitamente acontece. De início, não percebi o que estava se passando, visto que, com os pés firmemente apoiados, me preparava para mais um lance. Realizada a jogada, tentei mover o pé esquerdo, mas este simplesmente se recusou. Tinha sido dragado pelo chão.

Impossível descrever o gélido arrepio que percorreu meu corpo ao ver meu outro pé, fundir-se, assim como o anterior, à superfície do bar. De maneira completamente inexplicável e indolor, a cerâmica, o concreto, o couro de meu sapato, meus ossos e a carne do meu pé passaram a integrar uma só massa sem forma, sem razão.

Não pretendo me estender na narração das óbvias conseqüências que esse insólito acontecimento teve em minha vida, nem na repercussão instantânea nos mais variados meios de comunicação. Pessoas de todas as partes queriam ver o homem unido ao chão do bar. Perguntas estúpidas eram feitas por jornalistas de todas as partes, entre elas, a mais estapafúrdia era repetida à exaustão por jovens engravatados de microfone em riste: “o que você fará de agora em diante?” Era mais que óbvio que não faria simplesmente nada. Humildemente esperaria a morte.

O dono do bar e a comunidade concordaram em garantir minha alimentação e a me ajudar no que diz respeito à higiene e à devida e digna execução das naturais necessidades do corpo humano. A posição em que me encontrava, dificultava sobremaneira um sono tranqüilo, dormia em pé, com o tronco escorado na mesa.

Viver tornara-se insuportável, sobretudo quando o bar era fechado, quando as luzes eram apagadas e a velha porta de aço rangia com dificuldade até encontrar o trinco e o cadeado. Restava-me o breu e quase sempre um copo de cachaça, de plástico, pois o dono do bar sabia dos meus planos de cortar a garganta com o primeiro material adequado que aparecesse.

A prática da sinuca e o doce planejamento de uma morte rápida e quase sem dor, persistiam em mim como os últimos fios de esperança, enfim, como as últimas razões para permanecer. Ao acordar durante certa madrugada, com o barulho estridente dos pneus de um carro que passava, percebi que meu medo acerca da possibilidade de uma desgraça ainda maior abater-se sobre mim, transformara-se em realidade. Meus dois braços e minha testa uniram-se ao corpo da mesa de bilhar. Tornei-me definitivamente uma coisa-gente.

Hoje, acredito estar em meus dias finais. Permaneço firme em minha greve de fome e definho a cada dia enquanto conto a qualquer um que passa, a história de minha vida exatamente do ponto em que aqui iniciei. Pesa sobre meu espírito, mesmo com o conforto da morte iminente, a dor constante de sequer poder desfrutar dos últimos olhares mesmo que de pena, de nojo, de indiferença dos que passam. Resta-me a triste e solitária visão do vazio de minhas idéias quando fecho os olhos, e o deboche frio e inalterável do pano verde, quando reúno coragem e num ridículo gesto infantil, os abro.

Saulo Nepomuceno

domingo, 4 de outubro de 2009

O que fazer?
Não sei se morro ou compro uma bicicleta.
O que fazer?
Na garupa vai ela... E na sexta, diferente da quinta,
Carrego bebidas e batatas!
O que fazer?
Um quadro metálico, laranja amanhecer.
E agora? O que fazer?
Você não vai entender...
Você não vai perceber...
Saborear o prazer.
Regorjizar o viver.
Os Krak's e o beber?
Fuzionando o saber.
Nas folhar ei de querer.
Sentir o vento tocar-me.
Ei! Ei de saber, ei de querer.
Ei de tocar, de viver.
Ei de sentir o prazer.
Ei, ei, ei, você!
Eu quero ver o que não se pode ver.
E minha luz resplandecer.
Ei de forforecer uma idéia apagada.
E forçar uma idéia, às 2h, xibocada.
No entanto, lesionadas... Explícitas!
E então, ei de perguntar: O que fazer?


Vou ganhar dinheiro! Com minha poesia!
Com meu mote, com minha bia.
Com meu verso... Minha romaria.
Uma noite em sua companhia.



Proporcionando o próprio prazer.
A sorte do bicho no melhor.
E a verdade tramada.


É um pequeno limiar.
Sentido o oposto.
Logo a força completa.... E então se retrai.
Meu sentido oposto... Supostamente.
Complementam-se e se opõem!
Se comprimem e se retraem.
Espere! O vento é uma verdade!
E em cada gole saboreio o viver.
Obrigado! Hoje vivo por saber.
Meu coração bate mais forte.
Mesmo sem querer... Eis minha vida!
Um trago numa lata....
Um sopro sem saber...
Palavras mal ditas...
Num universo de estrela.
Num cigarro, sem querer.
Numa casca, numa ferida!
Acrescenta, sem dizer:

Você, coração! Alcança os céus!
Até o limite! Sem desfalecer!


Cleiton Fernandes e Kalil Alencar

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

fruta
no pé.
ainda verde me seduz.

[imagina
então
com
essa
cor?]

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

bloco.......bop......blah...... oláh

Esse mundo anda extremamente enlouquecido. E veja bem: é o mundo, e não eu. Sim, enlouquecido. É como diz os mano: “é muita treta...”, sim, esse mundão.

E eu aqui tentando suar o meu pão. Minha mente está em suspenso, tudo parece imaterial e eu não sei se é o baseado ou um flashback de ácido, mas escuto rap e quero que o mundo seja frenético nas linhas que te escrevo para que então toda a confusão que vive possa ser minimamente vislumbrada por você que me lê nessa noite que nos atravessa, de mim a ti, sim, através do tempo e do espaço, eis que é setembro e eu estou só em casa pois minha mãe cuida de minha avó e eu preciso cuidar dos cães, o céu de Brasília se faz nublado e de um marrom muito escuro, e lá de fora os motores dos carros sentem passar as marchas, as ruas engolem pneus e os postes abraçam passos. É a cidade que carrego dentro de mim que passeio pelo labirinto das frases. Aos meus pés meu cão que está ficando cego dorme um sono tranquilo e minhas roupas espalhadas sobre as mochilas, os livros empilhados no móvel, os cigarros no cinzeiro, os meus pensamentos espalhados por todos os pedaços do meu quarto.

Um quarto de mim que para ti se abre e sopra a melodia do mundo.

Ai, amanhã trabalho cedo. Tenho que dar aulas e não sei se consigo dormir, canecas de café e profusões de pensamentos me mantêm acordada e eu preciso dizer que a vida é esquisita demais e as pessoas sempre nos surpreendem para o bem e para o mal, e mesmo assim a gente segue fascinados por elas, pessoas tão raras, mas quaisquer. Sim, que explicação há para os encontros? Ah, acasos insuflados de intenção.

Não importa, estou fumando um cigarro e o meu cão dorme. O Jack Kerouac grita sobre o gabinete do computador. Encontrá-lo-ei, aquele maluco da narrativa recortada... são “os subterrâneos”[1]: fluxo inconsciente: deixe-se levar e você é tragado pela presença dos outros e eis que eu era ela que descia a ladeira do tempo chegando até o limite do meu passado e desaparecendo enfim em outro passado remoto e havia descontrole e caos e era quando o universo não era e tudo era nada.

Sim.

Não.

Talvez.

E a dialética continuou e a frase não teve fim pois assim...

Sim.

Não.

Talvez...

Mais e mais vezes...

(Indefinidamente)

[1]“The Subterraneans”. Jack Kerouac. (1958)


In.: cartas para amarante, o machado. T.Trotamundus.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Mutilição do engano

Objetos são ?
Nuvens são ?
Impressão de saída
Um barco de repente
Um gesto, avisa : vem lá
Chego a ouvir : vem lá...

Decerto a nuvem está caindo
O ceú não para de subir
É lenta a procissão
Devaga, devaga, devagar
Passo, lento, sento
Lá traz de novo
Fuga, jaz não voltás más
Sem tempo
Vós estais lá,
Nem tem medo
Se cair
Te cais
Se acalmem
Sobre voamm
Urgi a revolta
Tem tempo, sem tempo
Afinal...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Correria

Corre, Marcondes! O Relógio já te apressa!
Olha as crianças e sua mulher. Banho de gato!
Engole qualquer coisa com café. Que pressa é essa?!
Sai de casa sem olhar pra trás. E começa o 2º ato!

Ó, se ao menos suas fezes pudessem se expressar...
Quilos e quilos de muita baboseira necessária!
Alguém ouviria seus peidos de revolta?
Talvez sim! Mas e o leite das crianças?
Limpa a bunda, Marcondes! Vamos! Ao trabalho!

Saúde: -15, Respeito: -25,7, Cérebro: -437,2.
No almoço, marmita. Carne, feijão e arroz.
"Você tem meia hora!" grita o chefe. Corre!
E com um bolo de nada, volta a fazer tudo!

E os pássaros, Marcondes? Você os vê?
Pode sentir o Sol tocar a sua pele? A chuva que molha a grama?
O Vento cortante, balançando o mundo?
Pode ouvir os Pássaros, Marcondes?

Toca a sineta! Bate o ponto e não olha pra trás.
Se segura no ônibus. Não sabe mais nem o nome.
Caminha duro, como um exemplo do seu trabalho.
E levanta a cabeça pra olhar sua casa... Como todo dia...

Seu olhar encontra chamas! O fogo consumia sua vida!
Assistiu as paredes e portas de pau caírem... brilhando...
Seu filho jaz dentro de casa. O armário queimava sobre ele.
Ouvia os gritos de sua mulher, como uma sinfonia.

Pobre Marcondes! Seus olhos se enchiam de lágrimas...
Aquela cena brilhava como um show de luzes!
Ele, que se vendeu por tudo aquilo.
Esquecera seu nome por tudo aquilo... que agora queima!

Sua mulher cai ao seus pés... Em desespero.
Seu canto lamurioso agora fazia mais sentido.
Ela não entendia sua alegria, Marcondes!
Agora estava livre! Sua casa, seus filhos, estavam livres!
Seu sorriso agora podia ser sincero. Finalmente, fazia sentido.
Um solo sombrio e aconchegante, a canção da mulher.
Seus pés se mexeram... e Marcondes nada fez.
Estava encantado por aquele brilho libertador...
Sentiu pisar aquele chão de chamas e cinzas.
Labaredas rodopiavam ao seu redos, como putas dançarinas.
Pague-as, Marcondes! Seja livre desse tormento.
Assim estaria livre! Assim também seria iluminado pelo fogo!

E, em meio a uma gargalhada, seu corpo foi consumido!

K. Alencar

sábado, 19 de setembro de 2009

a crônica da pesquisa do amor

grupos. numa teste-tarde estavam grupos. A menina anuciou: é confidencial gente! e confidências vieram no pensamento dos amantes. Cada parte lembrou de outra que de alguma forma lembra de si, (e não do outro) porque. pra ser sincero, onde está o outro? Haverá algo além de mim? Razoável! Essa palavra nem deveria existir, o lance é que o caos permite esses furos lingüísticos. e sentir, é ou não questão de pele? Barulho de cheiro de sabor colorido. de quem pra onde, de você pra mim, de, dê! não dô! menino besta, acha que amor é poesia, e fica escrevendo essas bobagens. mas, pense, con-junto. Mais! mais! mais! ao cubo e fora dele. A coisa é vermelha menina-mulher. e o self, só é, se é fogo. chega do morno. do médio. de tudo isso que os comuns falam. indagações filosóficas dão papos, mas como o resto não dão em nada. e eu que me dar pra você. inconstante e necessário. até que o cansar seja só físico e a idéia de falta, falte no nosso ideário ideal. re-petições sem metódo e ponto

Vidros

In/do primeiro
puro grão de
areia.

Volve a miragem
Do que te observa

Tanto esforço
Trans(f)(t)orna
Tudo (talvez pra nadar)

Porque nem ninguém
Nem o autor
Nem o que me lê!

Captemos? O que
se obversa
por sobre as cabeças.

(Quê? Que é você?)

Vê.
Olhe denovo...

V idros.


Hugo Braga

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Bim-bom Rami Remix

Mais uma desremixtificação via música popular brasileira.

Bim-Bom Rami Remix by ramilive

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Aforismo Ba(na)nal I

Ligue a seta, se pretender mudar de faixa.
A banca

Do camelô
Serviu de pretexto

Para um trocadilhesco
e pouco inspirado
Poeta

Fingir que
Viu
a anca da camelô.

Imagens Artigo

Figura 1 – Patcher “Bolinhas Cromosônicas”, feito em PureData(PD)


Figura 2 – Bolinhas no Vídeo Interativo, geradas por captação sonora.

Artigo Valentim

Clareando o Solo – Para Clarineta e Video Interativo: correspondências poéticas entre o som e a imagem.

Victor Valentim

Resumo:

Através da tecnologia computacional, pela programação multimídia, são ampliadas as formas de interação entre o som e a imagem. A composição musical interativa com vídeo “Clareando o Solo” busca na sinestesia, as bases para relação entre o sonoro e o visual, de forma poética, na sua construção. Conceitos da cromofonia são empregados com formas geométricas, que representam o corpo do som se movimentando no espaço do vídeo e compondo a visualidade do gesto sonoro, em tempo-real.

Palavras-chave: Música Interativa, Vídeo-Music, Cromofonia, PureData(PD), Teoria Pós-Tonal, Sinestesia.

Abstract:

Through computer technology and multimedia programming are expanded forms of interaction between sound and image. The musical composition with interactive video "Clearing the Ground" search on synesthesia, the basis for the relationship between sound and visual, so poetic in its construction. Concepts of the cromofonia are used with geometric shapes, which represent the body of the sound moving in video space and composing the visual gesture sound in real-time.

Keywords: Interactive Music, Video-Music, Cromofonia, PureData(PD), Post-Tonal Theory, synesthesia.

Introdução

As novas formas de composição, no estudo da música com a tecnologia, nos tempos atuais, possibilitam um diálogo entre as linguagens na Hipermídia (Santaella, 2003), tornando-se uma grande teia de experimentações e idéias, em que, de forma cada vez mais híbrida, a relação entre o som e outras linguagens na interface tecnológica se concretiza. A proposta de associar imagens a sons interpretados em tempo-real por instrumentos melódicos busca traçar um esboço entre a forma do som, como onda mecânica, à cores e formas geométricas que saltam sobre a tela, como uma representação do som em forma e tom (cores), relacionando a performance sonora – com sua gestualidade – ao visual de forma poético-simbólica, e aplicando o estudo da neurociência e da sinestesia, sua percepção e modularidade.

Pespectiva Conceitual

A ideia de relacionar o som e a imagem, duas matrizes de linguagem (Santaella, 2003) com naturezas particulares, por se tratarem de utilizar sentidos diferentes (Audição e Visão), adentra o campo da Sinestesia (Basbaum, 2002), que do grego, “syn”(simultâneas) e “aesthesis”(Sensações), significa “Diversas Sensações Simultâneas”.

A sinestesia funciona no cérebro através de uma sensação, que induz uma outra sensação de forma sensorial, como imaginar o som de uma imagem ou a imagem de um som. As associações se dão, em grande escala, de uma forma livre, de cada pessoa em particular, através de suas experiências, e da sua relação íntima com sonoridades e imagens. Esta associação pode ser compreendida de diversas formas, tanto baseadas em uma correspondência lógica, relacionada a grandezas físicas, como pode ser explorada de forma poética, onde o artista que trabalha com o conceito vai procurar uma relação simbólica entre o som e a imagem, dentro da sua proposta artística.

(...) “O Estudo da sinestesia traz implicações diretas sobre aspectos da percepção, da natureza da realidade, das relações entre razão e emoção, e de modelos cognitivos do funcionamento do cérebro (Modularidade X Multiplex) e sobre a questão da natureza da conciência, isto é, como as informações inferidas pela percepção (brain events) e pelas demais estruturas cognitivas resultam numa imagem consciente (consious percept) mais ou menos coerente da realidade.” (Basbaum, 2002 – pg.30)

A abstração do termo “Sinestesia” para as criações artísticas aconteceu em larga escala na história. Artistas, como Charles Baudelaire, exploraram o tema em suas criações, relacionando o efeito à estágios de consciência avançados, criando tramas de significados e metáforas entre as sensações e as experiências (Prates, 2002). Mas, especificamente, entre o som e as cores, diversos pesquisadores durante a história tentaram tecer idéias: como o padre francês Louis Bertrand Castell que construiu o “Teclado de Cores”, no século XVIII (Basbaum, 2003), como os compositores Rimsky-Korsakof e Scriabin, que associaram cores às tonalidades de suas músicas (Antunes, 1982 pg.14) – como uma sensação verde (Korsakof) ou vermelha (Scriabin) que sentiam ao ouvir determinado trecho em fá maior, por exemplo. Outros pensadores e artistas buscaram, de diversas maneiras, tanto pela religião (teosofia, rosae crusis, budismo, zen-budismo...) como por teorias filosóficas, semióticas, físicas ou lógicas um caminho para a poética das sensações simultâneas (Basbaum, 2002).

O estudo da cromofonia (Antunes, 1982), tece a relação entre a altura das notas e as cores, associando o espectro audível ao espectro visível em grandezas físicas. Tamanha é a distância de valores de vibração entre as frequências dos sons (aprox. 20Hz -20kHz) e das cores (da ordem de THz), tambem a diferença da natureza das ondas em si, uma mecânica e outra eletromagnética. Os valores relacionados à escala de harmônicos dos sons fundamentais, multiplicados em uma função por altíssimos fatores, encontra-se frequências relacionadas à feixes coloridos.

A Percepção dos sons como cores exerce, na tradição musical, diversas formas declassificação: como coloraturas vocais, coloridos orquestrais, o conceito de ruídos por cores, representado por filtragem de bandas de frequências (Ruído Branco, Ruido Rosa, Ruido Amarelo... ) e uma série de outras, esboçam como a sensação sonora, a mais abstrata e icônica entre as matrizes de linguagem (Santaella, 2003), possui em sua interpretação, outras formas de sentir se não somente a sensação auditiva, sejam elas mais poético-simbólicas, ou mais empíricas em sua constatação.

A idéia de imagens sonoras, explorada por Edgar Varèse em peças como Hyperprism, Ionization, Intégrales e Octandre (Ferraz, 2002), ultrapassam as fronteiras da música para a busca da matéria sonora na geometria analítica, na algebra integral e na físico-quimica, como metáforas na criação, a sua poética busca traçar uma imagem sonora das relações numéricas nas ciências exatas, uma estética que se desenvolveu nas obras de diversos compositores, como Iannis Xenakis, Bryan Ferneyhouth, entre outros.

Xenakis buscou na arquitetura e na matemática sua expressão composicional. Suas orquestrações inspiradas na matemática estocástica não-deterministica, como a peça Metastasis (1953-54) e Eonta (1963-64), traça através do visual de sua partitura, uma complexa estrutura de linhas que se entrelaçam e formam uma trama estrutural, com caráter ruidoso e denso timbre, possuindo formas e texturas muito diferenciadas das convencionais, variando coloridos orquestrais, de uma musica que partiu de um conceito racional, lógico e imprevisivel, como a busca pelo acaso e a modularidade dos sons regrada pela superfíce arquitetônica (Santaella, 2003 pg. 160).

Pierre Shaeffer, em seu Traité des Objets Musicaux (1966), trata sobre os tipos de escuta na percepção sonora dos objetos musicais. A exemplo, a escuta causal (Santaella, 2003 pg. 86) ocorre quando escutamos um som e reconhecemos a causa do som, isto é, a fonte sonora e rapidamente em nossa percepção, temos uma impressão visual do som, que nos é um pensamento concreto, no caso da escuta reduzida, nossa percepção sonora tende a interpretar os sons como abstrações de sensação, como puras qualidades, sem relação com a causa ou o sentido, as relações hipotéticas ou impressões vindas destes objetos pode nos inspirar imagens, sensações, emoções ou idéias.

São possíveis as associações do timbre com texturas e sensações táteis (Rugoso, Liso, Suave, Rasgante, Frouxo) representando diversas formas como o som pode se apresentar, utilizando nomenclaturas extramusicas pra ilustrar a sensação na percepção do objeto sonoro em si (Homes, 2008). Para Denis Smalley (1986), os sons possuem um duplo potencial: um abstrato (referente à escuta reduzida) e um concreto (referente à escuta causal), e a mistura destes dois potenciais no contexto da percepção auditiva é uma questão tanto de competência quanto de intenção (Homes, 2008). No contexto da composição para instrumento solista e vídeo interativo, em que a interação entre o som executado pelo instrumentista, com sua particular expressão, e a imagem provocam na percepção uma abstração sonora e uma referencialidade visual, ao ponto de se concatenarem na percepção, como algo que na multimídia, os eventos estão relacionados ao perceber as formas, que cada vez apresentadas se dispõem de formas diferentes, e os sons que com sua propriedade espectro-morfológica, possui suas características frente a combinações poéticas dos objetos sonoros, possibilitando a modelagem da percepção sonora (Zampronha, 1998), através de sons e imagens em suporte tecnológico.

Hoje, com o advento da tecnologia as associações tornam-se possíveis através da mistura das linguagens nas mídias digitais, como os video-clips, a video-music, ambos em suporte-fixo, como o audiovisual interativo, expressão em tempo real das relações entre som e imagem.

A Interatividade na arte multimídia aproxima conceitos de ações, pois a tecnologia existente comporta ao processo de criação uma gama de recursos: softwares, hardwares, plataformas e diversos outros materiais (sensores, controladores, webcam, arduino e etc).

A Interação entre o som e a imagem no vídeo apresenta-se como uma livre-associação entre os corpos sonoros e as formas geométricas. Com a programação de reconhecimento em tempo real dos eventos sonoros, a forma surge, se movimenta e se colore. O patcher que gera essas formas com cores através do som, intitulado “Bolinhas Cromossônicas” (Figura 1) foi desenvolvido na linguagem de programação multimídia PureData(PD).

Figura 1 – Patcher “Bolinhas Cromosônicas”, feito em PureData(PD)

A Idéia de implementar o recurso tecnológico atenta para as duas formas de percepção da gestalidade da música, a experiencia auditiva e visual. O espectador observará as ações no vídeo, em consequência de uma experiencia auditiva do mesmo fenômeno. Sessões, em que o instrumento dialoga com técnicas contempoâneas de produção do som, passagens lentas, com pouca dinâmica, rápidas, curtas, staccato, trêmolo e várias outras, todas geram uma interação diferente com o vídeo, transmitindo ao movimento a energia contida no som.

A captação do som, obtida por microfone, é transformada em audio digital, possibilitando obter diversas variáveis que produzem respostas concretas na visualidade. O Processamento Digital Sonoro (DSP) possibilita a converção em digital para sintese em tempo real do som, com uma gama ampliada por vários modelos de efeitos.

A busca pela gestualidade do som como forma visual, na nossa percepção, gera uma ilimitada gama de formas de criação artística em mídia tecnológica, buscando dialogar, na cibercultura (Lévy, 1999), o hibridismo em que os conceitos que se aplicam amplamente na construção poética.

Clareando o Solo

A Peça busca um diálogo interativo entre o som e a imagem, onde o som produzido pela clarineta é transformadoem bolas coloridas. Isto é possível graças a programação multimídia, onde no espaço virtual, o some a imagem estão entrelaçadas na mesma plataforma, e um pode interagir com o outro.

Uma característica poética do trabalho é que só há imagem se houver som, ele é quem dá forma e cor ao vídeo, representando uma sensação simultânea entre o ouvir notas e ver cores. O círculo foi escolhido como forma geomética padrão, representando a forma de propagação das ondas sonoras, e as cores diretamente relacionadas as notas correspondentes, executadas pelo instrumento.

A Linguagem de programação multimídia open-source PureData (PD), disponível para diversos sistemas operacionais, possui diversas bibliotecas e externals, cada um responsável por uma função que a linguagem possui para criação, sequenciamento, edição e monitoramento em tempo-real. O external utilizado para reconhecimento do som foi fiddle~, ferramenta que reconhece proriedades do som como altura, ataque, comprimento da onda, intensidade (dB), onde esses valores são associados à cor correspondente da nota, o tempo em que ela pernamece no vídeo, seu tamnho, sua posição em três eixos (XYZ).

A Forma como as bolinhas se comportam no espaço do vídeo é randômica, tornando cada performance da peça diferente no gesto da forma. As bolinhas se movimentam em notas mais longas, saltam em lugares diferentes em notas staccato e variam as tonalidades de cor, conforme a afinação do instrumento (Fig. 2).

Figura 2 – Bolinhas no Vídeo Interativo, geradas por captação sonora.

Sons com espectro composto por mais notas tendem a clarear as cores, como uma mistura de divesas cores, que tendem para a cor Branca, quanto mais puro e afinado o som, mais a cor é definida .

Os Aspesctos composicionais da Peça foram inspirados na Teoria Pós-Tonal (Strauss, 2000), em que o uso de conjuntos de notas, relacionando com diversas formas musicais de manipulação destes conjuntos, como rotações, transposições, Inversões, Multiplicações e etc, conduzem diversos caminhos melódicos em que a clarineta passeia, combinado a técnicas de execução contemporâneas como Multifônicos, Cantar e Tocar ao mesmo tempo, timbres destemperados obtidos por dedilhados alternativos entre outras formas.

A Clarineta foi o instrumento escolhido por possuir um timbre que possui uma gestualidade incrível, seus registros, do grave (Chalumeau) ao Agudo se transforma de algo áspero para liso, em termos da tipo-morfologia do objeto sonoro. Suas nuances de dinâmica, pressão sonora em gestos longos ou curtos dão vida às formas no vídeo, que complementa simbolicamente, em formas, o brilho do som.

O Programa utilizado para calcular as possibilidades de transformação do conjunto sonoro escolhido para a música (Fá – Mib – Ré – Lá – Sol#) foi o PCN, Processador de Classes de Notas, desenvolvido pelo prof. Jamary Oliveira, na Universidade Federal da Bahia (UFBA). O programa é uma calculadora que manipula valores para conjuntos sonoros, auxiliando compositores que utilizam o determinado recurso estético da teoria pós-tonal para sua poética musical.

Conclusão

Clareando o Solo é uma peça onde o vídeo, interpretado pelo som, busca traçar uma relação concreta com a Sinestesia, através da programação multimídia. A Possibilidade de mesclar o som e o visual nos dias atuais tem sido o viés estético de vários compositores, artistas sonoros, músicos, artistas pláticos, performers, coreógrafos, entre outros. A dimensão poética entre as sensações simultâneas busca complementar novas formas de percepção e modularidade da apreciação musical.

O Desejo de experimentar novas interpretações e leituras na musica de câmara nos faz buscar referências concretas em diversas áreas, para trazer para música, materiais poéticos, idéias, conceitos para ampliar a gama de formas de criação, na contemporâneidade.

Referencias Bibliográficas

Livros:

ANTUNES, Jorge. A Correspondência entre os Sons e as Cores. Brasília: Thesaurus. 1982. BASBAUM, Sérgio. Sinestesia – Arte e tecnologia, fundamentos da cromossonia. São Paulo: Annablume/FAPESP. 2002 LÈVY, Pierre. Cibercultura trad. Carlos, Irineu da Costa. São Paulo, Editora 34. 1999. SANTAELLA, Lúcia. Matrizes de Linguagem e Pensamento – Sonora, Visual e Verbal. São Paulo: Iluminuras. 2003 SCHAEFFER, Pierre. Traité des Objets Musicaux. Paris: Èditions du Seuil. 1966. SMALLEY, Denis. Spectro-morphology and Structuring Processes. In Emmerson, Simon (Ed.). The Language of Electroacoustic Music. London: Macmillan Press. 1986 STRUSS, Joseph N. Introduction to Post-Tonal Theory. New Jersey: Prentice Hall. 2000. ZAMPRONHA, Edson. Notação, Representação e Composição: O novo paradigma da escritura musical. São Paulo: Annablume/FAPESP. 1998.

Artigos:

PRATES, Eufrasio . Sinéreses cromossônicas: projeto de complementaridade semiósica entre som e cor. Galáxia (PUCSP), São Paulo, v. 4, p. 293-297, 2002. HOLMES, Bryan. Análise Espectromorfológica da Obra Desembocaduras. In: XVIII Congresso da Associação de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM), 2008, Salvador - BA. Anais do XVIII Congresso da ANPPOM, 2008. FERRAZ, Sílvio. Varèse: a composição por imagens sonoras. Musicahoje, belo horizonte, v. 1, p. 08-18, 2002. BASBAUM. Sérgio. Sinestesia e Percepção Digital. In: Subtle Technologies Festival 2003, Toronto, 2003. FIGUEIRÓ, C. S. ; ALMEIDA, Anselmo Guerra. Enquanto eles riem para Clarinete e computador rodando MAX/Msp. In: X SBCM, 2005, Belo Horizonte. Anais do X Encontro da SBCM, 2005.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

embriagos subterrâneos

pioneiro computa dor

formado caminhos
tangentes

homenagem: o processo
estande divórcio
debate

Unificação da bandeira
russofílica
e o valete

dores, divertida história
maiores épicos da,
já ouvi
falar desse filme

veteranas: programe-se p/
eventos
surdo, consegui, trabalho, por isso, se
sua ajuda puder,
muito importante

Posse, turnê sofisticada
público fiel
grande erro
preguiça!

As artes anti-spyware
gruta do inferno...
cantora tradicional
das artes plásticas

Books, time japonês
guia dos curiosos
lojas próximas
sócios

O céu tom-tom-tom...
com o primeiro cd
650 (seta pra cima)

recomendam as capas
-se quando incrível
praticamente
em si.

(brag|a|lencar)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Esqueceu
o que ia escrever

e daí?
pequenas coisas
faça o teste
tente

daqui a poco o negócio
fica bom.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O bilhete.

Esse (ou este, nunca aprenderei a diferença) conto representa a segunda parte da trilogia das facas. Dedicado aos mani-(in)festantes que encontraram-no por aí.

Numa andança sem propósito entre sons, fumaça, jardins e concreto armado um insignificante pedaço de papel amarelo interrompe de súbito a caminhada. Estava sujo e bastante amassado. Desdobrei-o com tranquilidade e alguns rabiscos pareciam indicar, apesar da caligrafia bastante questionável, um endereço e um telefone. Pouco preocupado em investigar as razões para que esta pequena parte de nada aparecesse em meu caminho, coloquei o papel no bolso, dei a mão esquerda a alguma trama surda, ou mais provável que cega, do acaso, e segui silenciosamente rumo ao local indicado.

O prédio parecia bastante desgastado. Lodo e ferrugem povoavam com paciências os cantos e dobradiças do lugar. Chequei mais uma vez o recorte amarelo e de fato, tratava-se do endereço em questão. Tudo parecia aberto, apesar das portas fingirem que não. Subi por uma estranha escada de piso vermelho e fui recebido, na entrada de um corredor mal iluminado, por um rato ou camundongo, não sei a exata diferença, cujos impacientes olhos de pessoa miúda, ou olhos miúdos de pessoa impaciente fitavam-me sem esperança. Virava continuamente a cabecinha cinzenta para os lados como quem não entende e permanecia curvado como um velho curioso quebrando vez por outra, com seus guinchos loucos de criança, o silêncio que passara em poucos segundos da ternura ao lamento.

Caminhei até o apartamento correspondente ao bilhete, já possuía intimidade suficiente para chamá-lo assim, bilhete. Bati a campainha apenas uma vez, como manda a boa educação, e mal tive de esperar. Fosse um abismo a sala do apartamento, tamanha a fúria com que a porta foi aberta, teria caído no mesmo instante. Ao me recompor do susto, ou quase, levantei a cabeça e numa triste e natural reação mortal diante de um deus, tremi. Nua, alva e dona de infernais olhos negros, ordenou, sem manifestar a menor expressão, que eu entrasse.

Deitei-me, sem convite, no único móvel do cômodo. Em largos e leves movimentos ela some pelo lado esquerdo por uma antiga porta de metal. Em poucos instantes aparece coberta por um manto claro, portando uma faca curta de cabo de marfim. Fuço os bolsos de minha velha calça de brim em busca do bilhete e não o encontro. Enquanto ela se aproxima, me viro, olho o relógio acima da cama e percebo que está parado. Irremediavelmente parado.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Canção Ultra-realista IV

A faca
que corta
Foi posta
no forno.
A lâmina que antes apenas
cortara.
Hoje gentilmente
queima.
Também.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Naestréiadoblocoquecompreidosurdo

noblocoquecompreidosurdo

esboço 1

ó senhores bixos-língua, vos convido
à flatulância cibernéteica, (petulus ânsias).

A não proposta se aproxima, e é necessário que façamos nalgo
à análise da moral do cú do mundo, que seja.
o nosso círculo de praga.

os reversados na vida!
jovens senhores greco-bahianos
erijamos nosso obelisco flutuante;

{nosso obelisco espiral
emparafusado na desordem cosmogônica do devir}

o Luxo e o Lixo.
apresentemos têses,
fícticios quais sejam-os.
filos ó fermos.

contra o 0 e o 1
sejamos ternários
simbolastras

Memà!

Senhores de idã di ofá
de um soma per/versas
cogito, eu sei lá se ergo sum

viver no dez eqüi librado
Mu(n)do

jáfoiahora.